Os preços da carne bovina permanecem firmes no mercado atacadista, mesmo em plena segunda quinzena do mês. Neste período, tradicionalmente, o consumo interno recua e os cortes ficam desvalorizados, mas o baixo estoque da proteína nas câmaras frias e o ritmo das exportações estão mantendo os preços do atacado sustentados. Soma-se a isso o aumento de competitividade frente a carnes concorrentes, como a suína, cujo preço subiu ainda mais que a de boi.
Nesta quarta-feira (20/3) os cortes dianteiro e ponta de agulha mensurados pela IEG/FNP tiveram mais um ganho de R$ 0,10 por quilo e estão cotados a R$ 8,70 e R$ 8,20 por quilo, respectivamente. “A baixa oferta nos entrepostos, em função do menor nível dos abates diários junto às indústrias, neutralizou as quedas (de preço)”, avalia a consultoria. O corte traseiro ficou estável, em R$ 10,40 por quilo.
Na semana entre os dias 12 a 19 de março, todos os cortes acumularam variação positiva. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o traseiro, o dianteiro e a ponta de agulha se valorizaram 1,26%, 1,98% e 1,62%, cotados a R$ 12,87 por quilo, a R$ 8,77 por quilo e a R$ 8,76, respectivamente. O resultado foi o aumento de 1,51% no preço da carcaça casada do boi, negociada a R$ 10,74 por quilo na terça (19).
Em relatório antecipado ao Broadcast Agro, o Cepea destacou que a competitividade da proteína suína caiu 4,6% em relação à bovina neste mês. A carcaça especial suína negociada na Grande São Paulo está cotada a R$ 6,28 por quilo, alta de 6% ante fevereiro, enquanto a média parcial da carcaça casada bovina para março está em R$ 10,59 por quilo na capital paulista, 1,4% maior que o registrado em fevereiro. Este cenário contribui para que o consumidor continue a optar pelos cortes provenientes do boi, principalmente os dianteiros, que têm menor valor agregado.
Ainda assim, os frigoríficos mantêm cautela nas compras de boiadas, pois há perspectiva de que o consumo doméstico de carne bovina ainda pode diminuir até o fim do mês, período em que a população está menos capitalizada. Ao mesmo tempo, segue a dificuldade para compor escalas de abate devido à escassez na oferta de gado terminado. Em consequência, a arroba continua estável e firme no físico.
Em Barretos (SP) e Araçatuba (SP), as cotações da arroba estão em R$ 153,50 à vista e R$ 155,50 a prazo, de acordo com a Scot Consultoria. A IEG FNP manteve a arroba a R$ 157 a prazo no noroeste do Estado. As duas referências consideram os valores livres de Funrural.
No mesmo dia 20 de março, o valor à vista do indicador do boi gordo Esalq/BM&F ficou em R$ 152,80/arroba (+0,26%). A prazo, a cotação ficou em R$ 153,62/arroba (+0,95%). No acumulado semanal até terça-feira (19), houve alta de 0,33% no índice e, no mês, o indicador acumula elevação de 1,46%.
Já o Indicador Esalq/BM&FBovespa do bezerro (com base em Mato Grosso do Sul) não registrou variação no período de 12 a 19 de março, e segue cotado a R$ 1.244,92 por cabeça, enquanto em São Paulo a média fechou a R$ 1.265,85, avanço de 1%.
Na B3, o contrato do boi gordo com vencimento para março, o mais negociado, fechou a R$ 153,40 por arroba, alta de R$ 0,20 ante a véspera. O segundo contrato mais negociado, para maio, subiu R$ 0,40, a R$ 151,65 por arroba.
No mercado internacional, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que os Estados Unidos definirão em três dias a data da missão que vem ao Brasil para tratar da retomada das compras de carne bovina in natura e desossada, suspensa pelos norte-americanos em junho de 2017 por causa da presença de abscessos na proteína brasileira. Ela se reuniu, nesta semana, com o secretário da Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, e ele disse que não poderia decidir nada naquele momento, pois integrantes importantes de sua pasta que lidam com o tema estavam fora de Washington, informou a ministra em entrevista ao Broadcast.
A ministra destacou, porém, que tem um “otimismo moderado” com negociações comerciais em geral, inclusive com os EUA. “Mas a minha expectativa é de que este mercado de carne bovina seja retomado com o país.” O governo federal do Brasil já entregou toda a documentação solicitada por autoridades dos EUA sobre a carne bovina in natura. Com base nesta perspectiva, as indústrias brasileiras seguem confiantes de que a barreira imposta sobre as exportações pode ser derrubada ainda neste ano.
Na contramão, um documento vindo da China está sendo traduzido pelo governo federal e deve trazer uma resposta negativa sobre a tentativa de habilitar novas plantas para exportação da proteína brasileira de boi para o país asiático. Segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o documento foi recebido na última sexta-feira (15) e possui 38 páginas. “A associação irá aguardar a sua distribuição às entidades privadas, assim como a posição do ministério sobre o assunto”, afirmou a Abrafrigo em nota.
Atualmente, a China representa mais de 40% da carne bovina exportada pelo País e, na soma geral das carnes bovina, suína e de frangos, este mercado representa US$ 14,7 bilhões anuais nas exportações brasileiras. (Com informações do Estadão Conteúdo)